Descubra tudo sobre o problema e saiba quais passos são necessários para tratar a doença
Andressa Basilio
“É uma coisa de louco mesmo. Eu o queria perto de mim, mas, ao mesmo tempo, pensava que ele não deveria ter nascido naquele momento. Culpava-o pelas brigas de casa quando ele chorava, o pensamento de jogá-lo na parede passava pela minha cabeça e eu me sentia muito culpada por isso. Uma vez eu estava dando banho nele e cheguei a pensar em afogá-lo. Foi aí que percebi que eu precisava de ajuda”. Assim como Débora Silva, 33 anos, muitas mulheres são pegas de surpresa por esse sentimento forte e horrível: a depressão pós-parto.
Esta doença pode chegar repentinamente, sem mandar aviso ou sinais e, muitas vezes, independentemente de a mulher ter tido uma gestação desejada ou não. Um estudo feito com dez mil norte-americanas mostrou que uma em cada sete mulheres é diagnosticada com esse tipo de depressão. Entre as que enfrentam tratamento, 19,5% já pensaram em se ferir. O suicídio é a segunda causa mais comum de morte da mulher no pós-parto. Por todos esses números consideráveis, é importante que haja um diagnóstico precoce, o que não é uma tarefa nada fácil, já que as mulheres precisam enfrentar muitas barreiras para finalmente conseguir tratamento.
A primeira delas é reconhecer e assumir que precisa de ajuda. A psicóloga Ana Merzel Kernkraut, do Hospital Albert Einstein (SP), explica que o preconceito da sociedade é um empecilho. “’Como assim, está triste? Acabou de ter bebê, deveria estar feliz!’, a nova mãe, já fragilizada, ouve isso e fica com medo de relatar seus sentimentos. Acaba demorando para procurar ajuda e o sentimento fica lá aumentando cada vez mais”, explica. Débora sentiu isso na pele: “As pessoas achavam que era frescura minha. Meu marido relutou muito quando eu disse que precisava de tratamento. Eu sabia que tinha que tomar remédio, mesmo com as pessoas dizendo que era besteira minha.”
Esta doença pode chegar repentinamente, sem mandar aviso ou sinais e, muitas vezes, independentemente de a mulher ter tido uma gestação desejada ou não. Um estudo feito com dez mil norte-americanas mostrou que uma em cada sete mulheres é diagnosticada com esse tipo de depressão. Entre as que enfrentam tratamento, 19,5% já pensaram em se ferir. O suicídio é a segunda causa mais comum de morte da mulher no pós-parto. Por todos esses números consideráveis, é importante que haja um diagnóstico precoce, o que não é uma tarefa nada fácil, já que as mulheres precisam enfrentar muitas barreiras para finalmente conseguir tratamento.
A primeira delas é reconhecer e assumir que precisa de ajuda. A psicóloga Ana Merzel Kernkraut, do Hospital Albert Einstein (SP), explica que o preconceito da sociedade é um empecilho. “’Como assim, está triste? Acabou de ter bebê, deveria estar feliz!’, a nova mãe, já fragilizada, ouve isso e fica com medo de relatar seus sentimentos. Acaba demorando para procurar ajuda e o sentimento fica lá aumentando cada vez mais”, explica. Débora sentiu isso na pele: “As pessoas achavam que era frescura minha. Meu marido relutou muito quando eu disse que precisava de tratamento. Eu sabia que tinha que tomar remédio, mesmo com as pessoas dizendo que era besteira minha.”
Baby Blues X Depressão
Para 80% das novas mães, a primeira semana após o parto é marcada por uma instabilidade emocional, com sentimentos que variam da euforia a insegurança, o que muitas vezes se traduz em tristeza. Esse sentimento é chamado de baby blues e pode durar até 15 dias depois do parto. O obstetra Julio Elito Jr., da Unifesp, explica que essa sensação ocorre por pura biologia. “Durante a gravidez, a mulher está cheia de hormônios. Com o nascimento do bebê, há uma queda brusca nessas substâncias. Depois, quando vai para casa, ela está com um bebê novo, amamentando, com privação de sono. É normal a mulher enfrentar uma fase de adaptação”. O problema é quando essa fase demora a passar.
Além da duração mais longa que o normal, a depressão pós-parto é caracterizada também por exacerbação de sentimentos como ansiedade, preocupação e medo, perda de interesse e prazer em fazer qualquer coisa, energia reduzida, falta de concentração, autoestima, sono e apetite. Em casos mais graves a mulher chega a pensar em se machucar ou fazer mal ao bebê.
Areli Cera também passou por isso depois do nascimento de seu filho. “Emagreci 13 kg em dez dias, chorava muito querendo minha vida de volta, minhas fragilidades ficaram expostas. Eu olhava muito para a janela, foi quando descobri a importância daquelas redes de segurança”, contou em depoimento por Facebook.
Areli Cera também passou por isso depois do nascimento de seu filho. “Emagreci 13 kg em dez dias, chorava muito querendo minha vida de volta, minhas fragilidades ficaram expostas. Eu olhava muito para a janela, foi quando descobri a importância daquelas redes de segurança”, contou em depoimento por Facebook.
Vínculo prejudicado
Dores físicas e emocionais não são as únicas consequências da doença. A mulher com depressão pós-parto pode também demorar a construir um vínculo com seu filho. “Nos primeiros meses de vida, a interação entre mãe e bebê é fundamental para manter a saúde psíquica e cognitiva da criança em ordem. A mulher com depressão fica muito voltada para ela mesma e tem menos condições de cuidar do bebê do jeito que ele precisa”, explica Ana Merzel. Outro extremo também acontece. Tão prejudicial para o bebê quanto a falta de cuidados e é o excesso. “Tem mulheres que não deixam nem o marido chegar perto da criança. Isso pode gerar problemas comportamentais no futuro”, diz a psicóloga.
Atenção aos sinais
É comum as mulheres só começarem a perceber os sintomas depressivos de dois a seis meses após o nascimento do bebê. Segundo Elito, isso geralmente acontece com a nova mãe que tem dificuldade de aceitar que precisa de ajuda ou fica com medo de assumir que talvez não esteja em plenas condições de cuidar do filho. Por isso, a família tem papel importantíssimo para ajudar no diagnóstico. “O pediatra ou obstetra também precisa ter uma atitude pró-ativa. Fazendo perguntas simples como ‘você está comendo bem?, dormindo bem?, como se sente em relação ao bebê?, ele já consegue identificar quando há algo errado”, acredita Elito. Cabe à mãe não ter medo de entender o que está passando em sua cabeça e dizer sempre a verdade aos especialistas.
Para quem está pensando em engravidar e não quer enfrentar um problema como esse, saiba que a depressão pós-parto pode acontecer com qualquer mulher, mas existem alguns fatores de risco: histórico de depressão, prematuridade, reprodução assistida, estresse, frustração em relação ao parto e à chegada do bebê e a perda de um ente querido. O obstetra Paulo Nowak, da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, explica que a própria gravidez pode favorecer o aparecimento da doença, já que é o momento de grandes mudanças na vida da mulher e do casal. “A melhor prevenção é um ambiente acolhedor. Quanto mais segura, amparada e esclarecida a mulher estiver em relação a essa nova realidade, menor é a chance de ela desenvolver a doença.”
Para quem está pensando em engravidar e não quer enfrentar um problema como esse, saiba que a depressão pós-parto pode acontecer com qualquer mulher, mas existem alguns fatores de risco: histórico de depressão, prematuridade, reprodução assistida, estresse, frustração em relação ao parto e à chegada do bebê e a perda de um ente querido. O obstetra Paulo Nowak, da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, explica que a própria gravidez pode favorecer o aparecimento da doença, já que é o momento de grandes mudanças na vida da mulher e do casal. “A melhor prevenção é um ambiente acolhedor. Quanto mais segura, amparada e esclarecida a mulher estiver em relação a essa nova realidade, menor é a chance de ela desenvolver a doença.”
FONTE:REVISTA CRESCER
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