Um diagnóstico de nome esquisito e complicado tem assustado as futuras mamães nos últimos tempos. É a chamada hiperêmese gravídica, que tomou as manchetes dos jornais e ficou conhecida também como a doença da princesa da Inglaterra. Mas o que se esconde por trás desse nome difícil? “Define-se a hiperêmese pela presença de vômitos persistentes associados à perda de peso acima de 5% do massa corporal anterior à gravidez, além do acúmulo de corpos cetônicos na urina (cetonuria), resultado da metabolização de gorduras para a obtenção de energia. Geralmente, ocorre no primeiro trimestre de gravidez”, explica a obstetra Vanessa Muchiuti Anacleto.
A médica revela que a condição não é comum – acontece somente em 0,3% dos casos. Em outras palavras, apenas três grávidas em mil passam pelo incômodo, que inclui sintomas bastante desconfortáveis para a mulher. “Basicamente, são vômitos incoercíveis com perda de peso acelerada e desidratação, chegando a quadros extremos de disfunção hepática ou renal”, comenta a obstetra. A diferença entre a hiperêmese e os quadros normais de enjoo na gravidez é a intensidade. No primeiro caso, a paciente acaba percebendo que a náusea ultrapassa os níveis normais e procura um médico. A situação é tão desagradável que muitas mulheres pensam duas vezes antes de engravidarem novamente. “Elas relutam em aceitar a ideia de gerar um segundo filho por temerem a repetição das mesmas condições”, conta Vanessa.
A origem do problema, aliás, é desconhecida, mas existe uma tese mais aceita pelos médicos: “Acredita-se que essa náusea severa é provocada por um aumento nos níveis hormonais. No entanto, a causa absoluta é ainda incerta. Estudos mais recentes têm colocado em evidência fatores genéticos. Filhas de mães que sofreram de hiperêmese gravídica desenvolvem a condição três vezes mais que as outras mulheres”, revela a médica. Outro dado importante é o de que a doença pode surgir com mais frequência durante a gestação de gêmeos.
Apesar de não haver um método de prevenção, existem diversas linhas de tratamento, que vão desde a orientação quanto a uma dieta mais adequada até a acupuntura, passando por psicoterapia, acupressão e massoterapia. Também é indicada a hidratação intravenosa ou a associação de remédios antieméticos, anti-histamínicos e antirrefluxo. “Em último caso, indicamos a introdução de nutrição parenteral”, explica. Ou seja, alimentação por outra via que não oral, geralmente pela veia.
Não há a necessidade de repouso integral, mas a gestação pode ser considerada de risco, já que há a possibilidade de desidratação grave. “Se o problema for tratado a tempo, dificilmente haverá riscos para o feto e a mãe. Em geral, como a hiperêmese tende a melhorar na segunda metade da gestação, a tendência é de não haver consequências após a gravidez”, conclui a especialista.
FONTE:PORTAL VITAL
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