MÃE TERRA

"TUDO O QUE EXISTE E VIVE PRECISA SER CUIDADO PARA CONTINUAR A EXISTIR E A VIVER:UMA PLANTA,UM ANIMAL,UMA CRIANÇA,UM IDOSO,O PLANETA TERRA"

Leonardo Boff

domingo, 4 de setembro de 2011

A FOME NO MUNDO

Mais de 900 milhões de pessoas passam fome no mundo, diz ONU
O número de pessoas com fome no mundo subiu de 850 milhões para 925 milhões em 2007, por causa da disparada dos preços dos alimentos, anunciou o diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Jacques Diouf.
"O número de pessoas subnutridas antes da alta dos preços de 2007-2008 era de 850 milhões. Este número aumentou durante 2007 em 75 milhões, alcançando os 925 milhões", declarou Diouf em audiência nas Comissões das Relações Exteriores e de Agricultura do Parlamento italiano.
Equipe da Cruz Vermelha distribui alimentos, em acampamento de refugiados no Quênia
Equipe da Cruz Vermelha distribui alimentos, em acampamento de refugiados no Quênia

O índice FAO dos preços dos alimentos teve aumento de 12% em 2006 em relação ao ano anterior, de 24%, em 2007, e de 50%, durante os sete primeiros meses deste ano, acrescentou Diuf.
"É preciso investir US$ 30 bilhões por ano para duplicar a produção de alimentos e acabar com a fome", acrescentou. Diouf afirmou que "o desafio é de grandes proporções e é necessário dar de comer a 9 bilhões de pessoas em 2050".
Segundo ele, este valor é "bastante modesto" se comparado às somas desembolsadas pelos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) em incentivo à agricultura (US$ 376 bilhões) ou aos gastos com armamento (US$ 1,2 trilhão), em 2006.
O diretor-geral da FAO reiterou que as previsões indicam que, mesmo que a produção de cereais no mundo melhore, os preços se manterão estáveis nos próximos anos e a crise dos alimentos se prolongará nos países pobres.
Metas contra a fome
Os países membros da FAO se comprometeram reduzir pela metade o número de pessoas que sofrem de fome até 2015, apesar da crise de alimentos, segundo a declaração final desta reunião.
Este texto, obtido após árduas negociações, reitera as conclusões das cúpulas sobre alimentação de 1996 e 2002: "Alcançar a segurança alimentar" e "reduzir à metade o número de pessoas subnutridas até 2015, no máximo".
Em Roma, Diuf considerou que, com as tendências observadas hoje, "esta meta seria alcançada em 2150 em vez de 2015". Na cúpula de Roma, os doadores se comprometeram a conceder mais de US$ 6,5 bilhões para a luta contra a fome e a pobreza.
Miséria:  No ápice da crise alimentar no mundo com o início da escalada dos preços dos alimentos, a ONU e o Banco Mundial haviam alertado contra o avanço da miséria.
Palestinos recolhem sacos de alimentos no centro de distribuição da ONU, em Gaza


A alta dos preços dos alimentos ameaça reverter todos os avanços globais com desenvolvimento e levar 100 milhões de pessoas em todo o mundo para baixo da linha de pobreza, advertiram no secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-Moon, e o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.
A declaração de ambos foi feita na ilha de Hokkaido, no Japão, onde aconteceu a reunião de cúpula anual do G8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia).
Na ocasião, Ban e Zoellick cobraram dos países do G8 uma ação urgente para combater a atual crise e para prevenir futuras altas nos preços dos alimentos.
Segundo o secretário-geral da ONU, o mundo enfrenta três crises simultâneas e interligadas - dos alimentos, do clima e de desenvolvimento --para as quais são necessárias soluções integradas.
"Nossos esforços até agora têm sido muito divididos e esporádicos. Agora é a hora de termos um enfoque diferente", afirmou Ban.
"A ONU está pronta para ajudar com todos esses desafios globais", disse. Segundo ele, "todo dólar investido hoje equivale a dez amanhã ou cem no dia seguinte".
O relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Direito à Alimentação, Olivier de Schutter, afirmou que os preços dos alimentos permanecerão altos durante vários anos.
Em um relatório perante o plenário do Conselho de Direitos Humanos da ONU, reunido em Genebra, Schutter lembrou que já antes da alta de preços dos produtos básicos, 854 milhões de pessoas enfrentavam a fome no mundo e acrescentou que este número deve ter aumentado em 50 milhões por causa da crise.
Além disso, o recente encarecimento dos alimentos colocou 100 milhões de pessoas na pobreza extrema, segundo as conclusões de seu estudo.
Esses fatores, segundo Schutter, são demandas em expansão por causa do crescimento demográfico, a mudança de hábitos alimentícios, a produção de biocombustível a partir de cultivos essenciais para a alimentação e o impacto da mudança climática.
Ainda mais, previu que caso não sejam aplicadas soluções duráveis para este tipo de crise se repetirá a "cada cinco ou dez anos".
Desta forma, Schutter ressaltou que a crise dos alimentos lançou à luz graves problemas para os quais não se dava a atenção devida e que vão muito além de um desequilíbrio entre oferta e procura, e que, a seu entender, não serão resolvidos com um simples aumento da produção agrícola.
"Produzir mais comida não aliviará a fome daqueles que não têm poder aquisitivo para comprar os alimentos que estão disponíveis", esclareceu.
Schutter explicou o papel exercido nesta situação pelo consumo excessivo e pelo desperdício dos países ricos e dos setores mais poderosos.
"Para produzir uma caloria de carne bovina são necessárias nove calorias de cereais, já para uma caloria de leite se requerem cinco de cereais. Isto é consumo excessivo? Duvido, tudo depende de quanto se consome e alguns países consomem muita carne per capita", declarou.
Schutter também citou um estudo que indica que entre "40% e 50% dos alimentos nos EUA não são consumidos ou são desperdiçados".
O relator frisou que a prioridade deve ser "manter a pressão sobre os governos" perante o perigo de eles "esquecerem as promessas que fizeram" em plena crise dos alimentos, agora que a sensação de gravidade passou.
"Não se deve permitir que os Estados permaneçam passivos enquanto seu povo passa fome", afirmou.
Nesse sentido, Schutter advertiu sobre o perigo de que os investimentos para aumentar a produção agrícola e evitar novas crises se dirijam para grandes explorações, ao invés de reforçarem os pequenos agricultores que, junto com suas famílias, somam 1,5 bilhão de pessoas no mundo.
Schutter reiterou que não se devem favorecer os grandes produtores agrícolas em detrimento dos pequenos.
Sobre o papel dos biocombustíveis na crise, Schutter reconheceu que são responsáveis em parte pelo aumento dos preços dos alimentos, mas considerou que paralisar sua produção --como reivindicava seu antecessor, Jean Ziegler-- não seria a resposta adequada.
"Cada tipo de produção de biocombustível deve ser objeto de um exame específico", disse após se mostrar mais favorável à utilização para este fim da cana-de-açúcar (como faz o Brasil) frente ao milho (Estados Unidos) e o óleo de palma (Indonésia e Malásia).
Mais de 26 milhões de pessoas podem cair na extrema pobreza na América Latina caso não sejam tomadas medidas para atenuar os altos preços dos alimentos. O alerta foi feito hoje pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A extrema pobreza é definida como a sobrevivência com menos de US$ 1 por dia.
Segundo um estudo da entidade, que analisou o impacto da crise em 19 países, as famílias de baixa renda podem chegar à extrema pobreza caso os altos preços de produtos agrícolas como o trigo, o arroz e a soja permaneçam altos, e os países não consigam aumentar sua produção.
O BID também advertiu os países da América Latina e do Caribe que devem fortalecer seus programas sociais para aliviar o impacto destes altos preços entre os 71 milhões de pobres que há na região.
Caso não façam isto a situação pode piorar em países como o Chile, onde a pobreza poderia aumentar do 12,3% do total da população para 17,2%, ou o México, onde poderia aumentar de 20,6% para 27,5%.
Segundo o BID, as famílias pobres gastam a maior parte de sua renda em alimentos e não têm recursos suficientes para enfrentarem o custo crescente dos artigos de primeira necessidade.
Por isto adverte que se outras opções não estiverem disponíveis o aumento dos preços pode obrigar as famílias a reduzirem a ingestão de alimentos.
"Os avanços recentes em nutrição e educação podem se tornar um perigo se os preços dos alimentos permanecerem altos", declarou Suzanne Duryea, diretora do estudo.
O preço mundial dos alimentos na região aumentou em média 68% . O aumento foi especialmente agudo em alguns produtos básicos como o milho e o trigo, cujos preços duplicaram, informa o BID.
A melhor política, segundo o BID, seria aumentar a transferência de dinheiro aos pobres para permitir que as famílias ajustem sua dieta aos preços relativos e não limitar a renda daqueles que fornecem alimentos aos mais necessitados.
Além disso, "a longo prazo estas transferências oferecem os incentivos corretos aos produtores de alimentos para aumentarem sua produção", declarou.
Segundo os cálculos da instituição, para cumprir este objetivo, o país que maior esforço teria que fazer seria Haiti, que necessitaria transferir para os pobres 12% de seu PIB (Produto Interno Bruto) para que possam manter os mesmos níveis de consumo anteriores à crise. O Peru necessitaria transferir 4,4% de seu PIB e a Nicarágua 3,7%. O restante dos países teria que destinar um valor próximo de 2% do PIB.
Um terço dos alimentos produzidos no mundo é perdida ou desperdiçado a cada ano,o que representa 1,3 bilhões de toneladas.Fonte:Folha online

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