MÃE TERRA

"TUDO O QUE EXISTE E VIVE PRECISA SER CUIDADO PARA CONTINUAR A EXISTIR E A VIVER:UMA PLANTA,UM ANIMAL,UMA CRIANÇA,UM IDOSO,O PLANETA TERRA"

Leonardo Boff

sábado, 13 de agosto de 2011

ALIMENTAÇÃO INFANTIL

 
Guloseima tem hora
Abolir totalmente as balinhas, brigadeiros, salgadinhos e companhia do cardápio do seu filho, ou liberar as gostosuras para deixá-lo contente? É possível chegar a um meio termo nessa questão? O que está em jogo é a saúde física e psicológica da criança.

No quesito "guloseimas", dois extremos separam os pais: de um lado, estão aqueles totalmente liberais, que incluem biscoitos, refrigerantes, sorvetes e inúmeros outros alimentos, chamados de "bobageiras", como essenciais na dieta dos filhos.
Na margem oposta, estão os radicais, que abominam a mínima tentativa de a criança ingerir qualquer tipo de comida que não seja considerada "saudável". Mas, afinal, quem está correto? Quais são os mitos e verdades sobre essas gostosuras ditas proibidas? "Inicialmente, salvo em caso de doenças, não existe alimento proibido à criança", afirma categoricamente o Dr. Mário Cícero Falcão, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e especialista em nutrição. "A guloseima, por mais que não seja tão nutritiva quanto uma verdura, torna-se importante para a criança, na medida que está intimamente ligada ao fator psicológico. Proibi-la só torna o objeto de desejo ainda mais gostoso. Por outro lado, liberar totalmente o consumo pode trazer consequências graves, como a obesidade e outras doenças crônicas, como hipertensão e diabetes", diz o médico.

Segundo o especialista, uma vez que não se deve proibir ou liberar completamente o consumo, a receita é trabalhar com as quantidades. Trocar as doses diárias de doces e hambúrgueres pelo chamado "dia da bobagem" (como, por exemplo, levar a família a uma lanchonete fast food ou a uma pizzaria uma vez por semana): essa pode ser uma boa solução para melhorar o hábito alimentar durante a semana e ainda satisfazer a vontade da criança de comer algo diferente, além de proporcionar um dia de lazer para toda a família. Com cautela, é possível aproveitar os sabores. Os sorvetes, por exemplo, devido a uma grande quantidade de gordura hidrogenada, tornam-se prejudiciais quando consumidos em excesso, mas são inofensivos em doses esporádicas.

Outro bom truque é substituir o tipo de guloseima por aquelas menos prejudiciais. "Entre as guloseimas há algumas consideradas grandes vilãs. Esses alimentos contêm as chamadas 'gorduras trans', que podem causar danos ao nosso organismo, pois se transformam diretamente em células de gordura. Os biscoitos recheados e até alguns tipos de margarinas contêm essa gordura. Assim, é bem mais saudável dar à criança uma barrinha de chocolate que um pacote de biscoito recheado", explica o Dr. Falcão. Mais um mito das guloseimas é o amendoim. Ao contrário do que muitos imaginam, esse alimento, assim como qualquer outra semente, como castanhas, nozes e avelã, por exemplo, é bom para a saúde em quantidades certas.

O problema começa quando a ele agregam açúcar, sal ou casquinhas com gorduras, como no tipo japonês, que tem essa cobertura crocante repleta de gordura trans, além de excesso de sal e açúcar e, por isso, deve ser trocado pelo comum.

O controle não pára por aí: sal e açúcar em excesso sempre merecem atenção redobrada. Salgadinhos e embutidos (salsichas, linguiças, presuntos, entre outros) só devem ser consumidos esporadicamente.

No caso do açúcar, é preciso tomar cuidado com as chamadas "calorias vazias". "Não é preciso dar à criança açúcar de adição, ou seja, acostume-o a tomar sucos e achocolatados, que já são adoçados, sem aquela colherinha a mais de açúcar. Assim, será possível dar uma balinha de vez em quando, sem grandes preocupações", lembra o pediatra.

Os refrigerantes também não estão proibidos. No entanto, quem pensa que ao trocar o refrigerante comum pelo light está ajudando na dieta dos filhos, engana-se. Os adoçantes, quando administrados com excesso, podem igualmente prejudicá-lo. É melhor controlar a quantidade.

Mesmo controlando o consumo de guloseimas é preciso não estimular antecipadamente a ingestão desse tipo de alimento. Há idade certa para negar e liberar esse tipo de alimento: não é recomendável dar nenhum tipo de guloseima a uma criança com menos de um ano. Caso ela se mostre interessada em experimentar, depois dessa fase pode-se dar alguma substância de consistência mais molinha. Evite balinhas duras e escorregadias, que podem ser perigosas.

Em qualquer caso, o bom senso é fundamental. Para o médico, os hábitos das crianças de ingerir bobagens e até substituir os alimentos saudáveis por elas podem ser heranças da família. "Há pais que me confessam que 1/3 das compras mensais é composto de guloseimas, que são ingeridas pelos adultos e que ficam disponíveis aos filhos. Os avós, que, por muitas vezes, transformam os dias de visita em uma festa de guloseimas, também podem piorar o quadro", conta.

Da mesma forma, a guloseima nunca deve tornar-se um prêmio por ter "raspado o prato" ou por comer verdura, uma vez que os pais podem tornar-se reféns desse tipo de suborno.

Assim, o importante é não se bitolar aos mitos e extremismos. Na dúvida, procure a ajuda de um especialista. Acima de tudo, é importante criar um hábito alimentar saudável para toda a família e dar o exemplo que a criança precisa. Depois, é só proporcionar a seu filho - sem preocupações - o prazer que só a dose certa de guloseimas pode oferecer.


Elane Cortez         

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