MÃE TERRA

"TUDO O QUE EXISTE E VIVE PRECISA SER CUIDADO PARA CONTINUAR A EXISTIR E A VIVER:UMA PLANTA,UM ANIMAL,UMA CRIANÇA,UM IDOSO,O PLANETA TERRA"

Leonardo Boff

sábado, 13 de agosto de 2011

TRINTA ANOS DE AIDS

Trinta anos de aids: sem olhar para trás
 
Por Michel Sidibé
Voltemos o olhar aos 30 anos de aids para poder definir o futuro da resposta à pandemia. Cerca de 65 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV (Vírus da Imumodeficiência Humana) desde que foi registrado o primeiro caso. Quase 30 milhões de pessoas morreram.

No princípio, a reação mundial foi lenta. Mas, em 2001, líderes mundiais assinaram nas Nações Unidas a Declarão de compromisso na luta contra a aids. Nesse intervalo, foram estabalecidos objetivos, anunciados grandes avanços e realizados importantes progressos.

Em 2006, os países se comprometeram a alcançar objetivos para o acesso universal á prevenção, atenção e ao tratamento relacionados ao HIV: hoje, mais de 6,5 milhões de pessoas vivem graças ao acesso ao tratamento antirretroviral. Os investimentois destinados à aids aumentaram mais de 900%. A prevenção está funcionando: a taxa de novas infeccções para o HIV reduziram cerca de 25%.

As notícias melhoraram gradativamente. As novas opções de prevenção, como o tratamento, o gel Caprisa (um microbicida controlado pela mulher) e o iPrex (uma iniciativa de profilaxia pré-exposição) surgiram para dar mais esperança às pessoas que querem proteger a si mesmas e seus entes queridos do vírus. Em muitos lugares, as ideologias fortemente arraigadas estão sendo substituídas por vias de diálogo. Os líderes políticos estão levando em conta as evidências na hora de tomar decisões políticas.

Já não é estranho que ativistas e comunidades afetadas pelo HIV colaborem com o planejamento de políticas contra o vírus, diminuindo diferenças e explorando novas fronteiras. A solidariedade mundial na resposta à aids tem mostrado o que a humanidade pode conquistar quando se une. Necessitamos de mais experiências assim, muito mais.

Atualmente, a demanda de prevenção e tratamento está aumentando. Sem dúvida, as oportunidades são abundantes e podemos aproveitá-las se atuarmos em cinco frentes.

Em primeiro lugar, aceitando os benefícios do tratamento para a prevenção. As pessoas que vivem com HIV podem, pela primeira vez, escolher um método que tem eficácia de 96%. O tratamento para a prevenção deve ser uma opção disponível para todas as pessoas que vivem com HIV, mas não deve ser feito às custas de nove milhões de pessoas que estão esperando para iniciar o tratamento para sobreviver. Deve-se, portanto, fazer com que o tratamento esteja disponível de maneira adicional.

Em segundo lugar, as mulheres grávidas que vivem com HIV precisam ter acesso ao melhor tratamento possível para protegerem a si mesmas e aos filhos. No entanto, cerca de 31 países não utilizam terapias de excelência para evitar a transmissão vertical do HIV. Nos países de alta renda, poucas crianças nascem com o vírus. Não há razão para que isso seja diferente no restante do mundo. A vida de uma criança e de uma mãe tem sempre o mesmo valor, independente de onde nascem e vivem. Até 2015 podemos eliminar as novas infeccções pelo HIV entre crianças.

Em terceiro lugar, deve haver espaço para o diálogo comunitário e a mudança social. A violência contra mulheres e meninas, a homofobia, a desigualdade de gênero e a discriminação de pessoas vivendo com HIV, usuários de drogas injetáveis e profissionais do sexo precisam terminar. Sem uma transformação assim, as medidas para prevenção do vírus terão resultados apenas parciais. Para alcançar essas mudanças, é necessário que os líderes das comunidades rompam o silêncio e ajam com coragem e convicção

Em quarto lugar, os investimentos destinados ao combate da aids devem ser completos. Para isso, é preciso estabelecer uma nova agenda de responsabilidade partilhada na qual cada pais, rico ou pobre, contribua de maneira justa: sem exceções, sem desculpas. Ao mesmo tempo, a comunidade científica precisa acelerar as inovações no diagnóstico e tratamento, reduzir os custos unitários, aumentar a eficiência e investir em programas que sejam eficazes para melhorar o retorno do dinheiro investido.

Por último, a resposta à aids deve estar integrada a programas mais amplos de saúde e desenvolvimento. Essa resposta saiu do isolamento e tornou-se um catalisador para atingir os Objetivos do Milênio relacionados à saúde, especialmente a redução da mortalidade infantil e materna e da tuberculose. A prestação de cuidados de saúde não deve ser fragmentada.

Ao reunirem-se nas Nações Unidas para discutir o futuro da luta contra a aids, os líderes mundiais têm a oportunidade de começar a agir nessas cinco frentes e estabelecer objetivos e metas chave para os próximos cinco anos. Os 34 milhões de pessoas vivendo com HIV e suas famílias não merecem menos.

Michel Sidibé
Diretor executivo do Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) e secretário geral adjunto das Nações Unidas.

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